domingo, junho 29, 2008
Sondagem - Indiana Jones
Depois de inquirida a opinião sobre os festivais de cinema portugueses, entramos pela porta grande de Hollywood através de um dos maiores heróis de sempre: Indiana Jones. O que pretendemos saber é qual é o vosso capítulo preferido, havendo ainda espaço para aqueles que não gostam, ou que nunca viram.




No entanto, e numa perspectiva diferente do que temos feito apresentamos de seguida as preferências, acompanhadas do respectivo texto, dos membros deste blogue. Sem mais demoras


- Opção 1 - Indiana Jones e os Salteadores da Arca Perdida - Duarte

"Lembro-me de ter gasto até à exaustão a velhinha fita de uma cassete de VHS com a gravação desta delirante aventura criada por Lucas e Spielberg. E os motivos eram óbvios. É uma personagem, e um tipo de cinema, que marcou a minha geração, e que satisfazia o meu incansável apetite por aventuras, desventuras e doses fervorosas de misticismo. Está aqui tudo neste eclodir da saga - a acção, os locais, os one-liners, o gore e o constante sentido de humor, que ainda hoje torna Indiana Jones uma espécie de Arqueólogo sem igual."


- Opção 2 - Indiana Jones e o Templo Perdido - Paulo

"Sei que estou no grupo da minoria, mas não posso deixar de defender firmemente as minhas convicções, especialmente quando o assunto é Indiana Jones. Por muito que Raiders of the Lost Ark e Indiana Jones and the Last Cruzade sejam obras de comprovadíssimos méritos, e Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull seja uma variação menor, ainda que divertida, dos filmes anteriores, nenhum deles me deixa tão extasiado como Indiana Jones and the Temple of Doom. Serei franco: esta escolha está irremediavelmente ligada às minhas memórias de infância, e consequentemente às longas horas passadas diante da TV onde o velhinho VHS gravado me mostrava o arqueólogo, a loiraça irritante e o puto em constante gritaria ("no time for love, Dr. Jones!" é uma frase que ainda hoje acompanha o meu vernáculo). Mas a verdade é que, mesmo em revisionamentos actuais, não tenho qualquer dúvida de que o valor de entretenimento que o segundo filme da saga me proporciona é incomparável a qualquer outro. Seja pela fabulosa abertura sempre a abrir – vamos de um musical a uma queda nas cataratas em pouco mais de 10 minutos – seja porque tem uma das refeições mais deliciosamente repugnantes da história do cinema, seja porque é um autêntico carrossel de emoções, que quase nem permite sequer exercer o direito à respiração. Caros amigos, se isto não é a perfeição, então não sei o que seja..."


- Opção 3 - Indiana Jones e a Grande Cruzada - PR e H.

"A terceira aventura de Indiana Jones é de todas a minha predilecta pois reúne o que já me cativara nas anteriores com uma maior quantidade de descobertas e reviravoltas e, naturalmente, a participação memorável de Sean Connery como o pai de Indy. Além disso, toda a demanda desta aventura – pelo Santo Graal – e as provas que o dr. Jones tem de passar para chegar ao que procura revestem-se de uma dimensão mais espiritual muito interessante. Se é sempre um prazer regressar aos filmes de Indy, é um prazer redobrado rever A Grande Cruzada." H.

"A Grande Cruzada é a minha aventura preferida do Indiana Jones devido ao elemento adicional às duas primeiras obras: Sir Sean Connery. Porque se é verdade que nos outros filmes também tínhamos excelentes histórias por detrás, gags históricos e um Indiana em grande acção, é no culminar da trilogia que é esculpido de forma soberba o perfil do protagonista através da sua relação com o seu pai. É neste filme que a personagem se torna tridimensional e nos consegue tocar onde os outros não conseguiram. E aí que o filme se eleva e se torna uma obra-prima absoluta" PR


- Opção 4 - Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

- Opção 5 - Nunca vi - Ana Silva

"Apesar de para muitos poder tratar-se de algo estranho, impossível, ou até para os mais fanáticos, de um acto (ou não acto) «criminoso», nunca vi nenhum dos filmes da saga Indiana Jones. De facto, até partilho da opinião de que esta personagem começa e acaba na pessoa de Harrison Ford - ao contrário do que acontece com outros «heróis» como James Bond, por exemplo - mas nem por isso tive qualquer fascínio ou ímpeto para me sentar a ver alguns destes filmes. Sinceramente não identifico nenhuma predisposição favorável ou crítica para nunca ter visto nenhuma das aventuras no grande (ou mesmo no pequeno) ecrã. Simplesmente nunca aconteceu."

- Opção 6 - "Não me aquece nem me arrefece" - not_alone

"Eu sou uma ave rara no que diz respeito à saga Indiana Jones. Assim,de forma abrupta, passa-me totalmente ao lado. Nunca vi os três primeiros filmes na totalidade e não me passa pela cabeça ir ao cinema gastar dinheiro para ver este último. É um personagem clássico? Sim. Isso interessa-me? Não. Lamento, mas o Indy não me conseguiu captivar.Quando penso em sagas e Harrison Ford, penso em Star Wars, só. O resto é conversa."


Lançados os dados, usem e abusem da caixa de comentários e votem na sondagem. Let the games begin...

posted by P.R @ 9:15 da tarde   2 comments
Sondagem Festivais - Balanço
À segunda sondagem, o tema abordado foi os festivais de cinema. Fantas? Indie? Festroia? Doc Lisboa? Eis os resultados:

Sem grandes surpresas, o Fantasporto recolheu a maioria, embora relativa, dos votos (37%). Em mais de vinte anos de existência o Fantas já consolidou um forte apoio e reputação sendo apontado como um dos principais festivais do cinema fantástico do mundo.

Separado por apenas 4 votos, surge em segundo lugar o Indie Lisboa. Com cerca de meia dúzia de edições, a verdade é que o grande festival lisboeta tem crescido de forma exponencial, tanto em termos qualidade como em quantidade.

Uma surpresa é o 3º lugar da opção "Não costumo ir a festivais de cinema". Seria interessante, numa sondagem futura, tentar perceber o porquê desta decisão uma vez que por falta de qualidade e oferta não será com certeza.

Ao nivel dos festivais o terceiro mais apetecível é o Festróia, com cerca de 8%, seguido da Opção Outros (quais serão), e da Monstra. O DocLisboa e o Caminhos do cinema português não obtiveram qualquer voto.

Feito o balanço desta sondagem, a próxima dedicada a um grande herói de Hollywood segue dentro de momentos...

posted by P.R @ 9:15 da tarde   2 comments
quarta-feira, junho 25, 2008
Deolinda | Canção ao Lado


Depois de A Naifa, Donna Maria ou até as Xaile, a alma portuguesa é revisitada por mais uma nova banda. A Deolinda.

"O seu nome é Deolinda e tem idade suficiente para saber que a vida não é tão fácil como parece, solteira de amores, casada com desamores, natural de Lisboa, habita um rés-do-chão algures nos subúrbios da capital. Compõe as suas canções a olhar por entre as cortinas da janela, inspirada pelos discos de grafonola da avó e pela vida bizarra dos vizinhos. Vive com 2 gatos e um peixinho vermelho..."

Assim se apresenta esta menina, na sua página do myspace. O alter-ego é encarnado por Ana Bacalhau, a carismática voz da banda. Das raízes do Fado, nasce uma visão fresca de Lisboa, em particular, e de Portugal, em todo o seu esplendor, para o melhor e para o pior. É crítica social, é farra e saudade (e tudo o que é tão português). Querem quebrar todos os preconceitos associados ao Fado (não usam, em nenhuma canção, guitarra portuguesa). Querem-lhe dar a cor e a alegria que também são tão nacionais como a melancolia.

As suas influências, por mais variadas que sejam, têm em comum a forte mudança que ainda hoje se sente na música portuguesa. As letras de Zeca Afonso, a melodia dos Madredeus, o humor pertinente de Sérgio Godinho... Deolinda cresceu a ouvir todas estas histórias de lendas portuguesas e agora canta-as, para levar ao mundo o nosso povo único, e a forma como ele ama. Deolinda é popular no sentido mais meigo do termo - é sobre o povo, para o povo e, em especial, pelo povo.

Se vierem Deolinda à janela, ouçam as histórias que tem para contar. E sorriam por sermos portugueses, mesmo que não estejam envolvidos no assunto 11 senhores e uma bola.

posted by not_alone @ 11:14 da tarde   3 comments
segunda-feira, junho 23, 2008
Damages

Para mim, Damages foi durante muito tempo apenas “a-série-de-advogados-onde-entra-a-Glenn-Close”. No entanto, e movido pela euforia" da rede social destas bandas, resolvi arriscar. E a verdade é depois de ver o piloto não consegui parar de seguir a série.

A história é bastante simples: Ellen Parsons uma advogada recém-licenciada consegue entrar num dos escritórios de advogados mais prestigiantes da cidade, tornando-se a “protegida” da temida e temível Patricia Hewes. Isto no momento em que a Patty lida com um dos seus maiores casos e que a coloca frente-a-frente com Frobisher (Ted Danson) a quem acusa de corrupção.

No entanto, não é a história de fundo que agarra o espectador mas sim uma estrutura narrativa sublime e pouco usual na televisão, que combina a acção presente com flashfowards que avançam 4 meses. É na brilhante coordenação destes momentos, e na revelação a conta-gotas dos pormenores, que a série se ultrapassa, agarrando o espectador durante toda a série até um sprint final alucinante.

Mas se é verdade que a série ganha muito pela estrutura que lhe é instituída, não deixa de ser menos notório que a série só ascende a um novo degrau qualitativo devido aos (brilhantes) actores que dão corpo as personagens. Se a Glenn Close é aquele monstro de representação que todos conhecemos (tendo aqui mais uma “criação” que ficará nos grandes momentos da sua carreira) o meu destaque vai inteirinho para Rose Byrne. Quase uma desconhecida (entrou no Sunshine de Boyle), Byrne é fenomenal na forma como personifica a evolução da personagem, chegando mesmo a roubar algumas cenas a Close. É sem dúvida nenhuma, pelo menos para mim, e das séries que vi, a grande surpresa do ano, merecedora de todas as nomeações e prémios. Não menos meritória é a extraordinária interpretação de Zeljko Ivanek que me leva a perguntar onde é que este senhor andou durante estes anos.

Mas só existe bons desempenhos, quando há bom material por trás, e a verdade é que os argumentistas tiveram o cuidado, ao longo de 12 episódios, de tratar todas as personagens com dignidade e até com uma certa originalidade. Com isto quero dizer que ao contrário das outras séries aqui não há o bom e o vilão ou o culpado e o inocente. Bem pelo contrário, há bastante aproximação entre ambos, esbatendo as suas fronteiras. Isto é quem é o “vilão” desta série: Patty ou Frohisber? Pois… Quem viu a série perceberá (ou não).

Posto isto, se Damages não é uma das melhores séries deste ano (para mim é) é pelo menos a grande surpresa televisiva da temporada.
posted by P.R @ 5:59 da tarde   0 comments
sábado, junho 21, 2008
Grandes Momentos | Cabaret

É um musical quando o género já começava a desaparecer, com um fascínio de clássico mas também de provocador. Glamouroso e decadente, passa-se numa Alemanha de Weimar (que melhor local poderia haver?) onde o Nazismo ganha terreno. Se a rima entre o reflexo do início e do fim – que cristaliza uma mudança política – é dos pormenores de Cabaret que recordo de forma particular, há números musicais que também ficaram gravados junto de outras memórias cinéfilas de musicais.
A interpretação de Liza Minnelli como a simultaneamente ingénua e vivida Sally Bowles é provavelmente o seu papel mais emblemático, e valheu-lhe o Óscar de melhor actriz em 1972. Deixo aqui “Mein Herr”, o primeiro tema que a ouvimos cantar no filme.



posted by Anónimo @ 10:46 da tarde   1 comments
quinta-feira, junho 19, 2008
Coldplay: o verdadeiro enjoo. e o alegado plágio


Os Coldplay estão numa fase em que se acham com o rei na barriga. Os rapazes tiveram o seu momento de glória, há coisa de 8 anos. Surpreenderam no álbum de estreia, mas foram caminhando para uma aborrecida segurança carregada de lugares-comuns. Agora enjoam-me, só. Especialmente este novo tema que anda por aí a rodar nas rádios. Eles continuam a achar que são os maiores do mundo. Comparam-se aos U2, aos Muse, aos Radiohead. Chris Martin nunca será Bono Vox, nunca terá a presença nem o estilo de Matt Bellamy e quanto a Thom Yorke, ok, vou abster-me sequer de comentar de tão disparatada que é a comparação. Pior do que a falta de humildade (que parece abundar a cada esquina onde me viro) é a pouca noção do real de algumas pessoas.

Nos últimos dias surge por toda a parte a notícia de que uns tais de Creaky Boards acusam os Coldplay de plágio. Eu honestamente, depois de ouvir os dois temas, pergunto: se aquilo é plágio (e eu não estou a dizer que não é), o que dizer de 'Mercy' da cantora Duffy e 'Rehab' de Amy Winehouse? E ouve-se alguém a falar disso? A mim parece-me bem mais óbvia a cópia.

Os Coldplay já gozaram com a situação nos seus concertos, mas a verdade é que os Creaky Boards podem dormir descansados. The Songs I Didn't Write (irónico o título, não?) é, a meu ver, consideravelmente superior a Livin' La Vida e se os Coldplay não a tivessem copiado eu não a conheceria. É tudo uma questão de ver as coisas com outros olhos.

Este vídeo tem as duas versões. Plágio? Ou acham que não?



posted by not_alone @ 7:33 da tarde   2 comments
terça-feira, junho 17, 2008
A Liturgia do Sangue
Caminharemos de olhos deslumbrados
E braços estendidos
E nos lábios incertos levaremos
O gosto a sol e a sangue dos sentidos.

Onde estivermos, há-de estar o vento
Cortado de perfumes e gemidos.
Onde vivermos, há-de ser o templo
Dos nossos jovens dentes devorando
Os frutos proibidos.

No ritual do verão descobriremos
O segredo dos deuses interditos
E marcados na testa exaltaremos
Estátuas de heróis castrados e malditos.


Ó deus do sangue! deus de misericórdia!
Ó deus das virgens loucas,
Dos amantes com cio,
Impõe-nos sobre o ventre as tuas mãos de rosas,
Unge os nossos cabelos com o teu desvario!

Desce-nos sobre o corpo como um falus irado,
Fustiga-nos os membros como um látego doido,
Numa chuva de fogo torna-nos sagrados,
Imola-nos os sexos a um arcanjo loiro.

Persegue-nos, estonteia-nos, degola-nos, castiga-nos.
Arranca-nos os olhos, violenta-nos as bocas,
Atapeta de flores a estrada que seguimos
E carrega de aromas a brisa que nos toca.

Nus e ensanguentados dançaremos a glória
Dos nossos esponsais eternos com o estio
E coroados de apupos teremos a vitória
De nos rirmos do mundo num leito vazio.

Ary dos Santos
posted by P.R @ 1:32 da tarde   0 comments
segunda-feira, junho 16, 2008
Stan Winston 1946-2008


A lenda criadora por trás do visual de personagens tão míticas que povoaram filmes como "Terminator", "Predator" ou "Aliens" já não está entre nós.
posted by The Stranger @ 10:25 da tarde   1 comments
sábado, junho 14, 2008
Grande Momento | The Shining


Ainda hoje este filme me arrepia como poucos e dá-me um pouco de consistência pesadélica aos meus sonhos. Além de que é um trabalho de mestre do Mestre Kubrick, e isso já é dizer muito. Fiquem com um dos momentos mais escabrosos da película. Enjoy.

HEREEE'S JOHNNY !!!
posted by The Stranger @ 5:35 da tarde   1 comments
quinta-feira, junho 12, 2008
Foge Foge Bandido


Este pequeno mundo numa caixa é Manel Cruz, ex-Ornatos Violeta, ex-Pluto, pré-Supernada, ainda um dos maiores talentos da música portuguesa.

Foge Foge Bandido é como nos sentarmos num estúdio de gravação durante um dia, enquanto alguém grava um disco. Muito na sua fase inicial. Há muito por onde puxar, pouca coisa em concreto para mostrar. Este projecto falha e triunfa, ao mesmo tempo, por tudo isso. São samples, convidados especiais, arranjos arrojados, gravações à capela, em fast forward, deambulações e experiências pelo mundo dos sons. Poucas canções. Mas as que existem bastam-se.

A descortinar um pouco do que poderiam ter sido os Ornatos Violeta, Manel junta-se a um grupo de infindáveis amigos e companheiros de luta, para criar. E criar é a palavra de ordem. Uma verdadeira maratona de pequenas luzes musicais, acompanhadas por um livro de 140 páginas. Inovador? Nem tanto assim, mas hoje em dia o que é realmente inovador? E quem disse que era preciso ser inovador para ser bom?

Manel Cruz é um prodígio. Transporta música em cada pedaço de si e Foge Foge Bandido é uma tentativa de agarrar toda essa amálgama musical que tem vindo a carregar durante 9 anos e, ao longo de 68 músicas, dar-lhe uma casa. Um sítio para que possa ser visitada e apreciada pelo demais ouvinte. É quase fado, o talento deste homem. Na certeza de que o faz pelo prazer pela música, Manel Cruz junta os fragmentos dos seus mundos neste projecto.

Foge Foge Bandido tem uma edição limitada de 1100 exemplares e, caso façam a pré-compra, habilitam-se a receber uma chamada telefónica do próprio Manel Cruz. Eu sei do que estou a falar...

posted by not_alone @ 8:24 da tarde   4 comments
The Happening



E ao sexto filme, a desilusão.

Depois do quebrar de convenções que foi o Lady in the Water (sim, gostei muito do filme) é triste ver esta necessidade de agradar de Shyamalan. Bem sei que os seus últimos filmes têm sido um fiasco de bilheteiras e que havia a necessidade de extender o público-alvo mas, para isso, não era necessário descuidar tanto o argumento.

É que o pior disto tudo é que o conceito e a ideia-base do filme são realmente muito bons. O filme começa logo a inserir-nos na acção, pondo-nos no lugar das personagens. Não sabemos o que se passa, e ficamos tão perplexas quanto estas. E isso até que funciona. O problema está, imagine-se, na construção dos diálogos e nas relações entre as personagens. O ponto onde Shyamalan mais se destaca, o campo das emoções e das reacções das personagens face às várias temáticas abordadas no seu filme, é claramente relegado para o segundo plano, havendo uma clara sobreposição dos efeitos e as razões do “acontecimento” à reacção dos das pessoas face ao mesmo. E é nessa escolha de Shyamalan que o filme se perde, tornando-se um thriller banal.

Para além disso, a verdade é que o elenco, com desempenhos muitos furos abaixo do exigível, não ajuda o realizador indiano a conseguir estabelecer uma ligação emocional com o público. Shyamalan até é conhecido por arrancar bons desempenhos dos actores que escolhe (Bruce Willis, Bryce Dallas Howard, Paul Giamatti…) mas aqui houve um erro de casting tremendo. Mark Wahlberg tem aqui um dos piores desempenhos da sua carreira. Há muito tempo que não via palavras saídas da boca de um actor a soar tão falso como aqui. Zooey Deschamel tem uma actuação apenas ridícula nunca conseguindo encontrar o registo certo em cada cena e Leguizamo o pouco que tem que fazer é mau. Salva-se Betty Buckley que assina alguns dos melhores momentos do filme.

E se os motivos apresentados já são per si demonstrativos do que não gostei do filme há que realçar, contudo, que se assiste em “The Hapenning” a grandes momentos de cinema. Cenas non sense e outras brilhantemente orquestradas resgatam esporadicamente o filme da mediania que o caracteriza, mostrando ao espectador que é Shyamalan quem está por detrás do que vemos.

Mas no fim, fica a certeza que se deve exigir mais do que alguns grandes momentos a alguém criou e nos ofereceu filmes como Sexto Sentido, A Vila, ou Lady in a Water.

posted by P.R @ 2:09 da tarde   0 comments
quarta-feira, junho 11, 2008
"Duelo" - Tim Burton: Parte II
Antes de mais, convém esclarecer desde logo que o desafio de escolher um filme de Tim Burton e defendê-lo em detrimento de outro é, à partida, bastante ingrato, não se tratasse da obra daquele que é um dos mais interessantes cineastas americanos da sua geração – é como escolher o melhor título de campeão nacional do FCP. Tudo se torna ainda mais difícil quando se tem de escolher uma película para ombrear com essa preciosidade que é Ed Wood que, além das características tão deliciosas que o Duarte descreveu, ainda conta com Bill Murray em modo de “mau actor homossexual”, a cereja no topo do bolo.

Ainda assim, a ter de escolher um Burton favorito, não posso ignorar os múltiplos prazeres que Batman Returns me proporcionou na infância, e consegue prolongar ainda hoje, sempre que calho de colocar o DVD no leitor. Desde os sinistros créditos góticos com a banda-sonora enorme de Danny Elfman que me arrepio por completo à medida que o berço do bebé pinguim se vai deslocando à deriva pela imensidão dos esgotos de Gotham. Depois, temos sequências de acção maravilhosas, e todo um tom de tragédia que culmina num final verdadeiramente comovente. Para completar o ramalhete: Michelle Pfeiffer aka Classe. Se costumo dizer que aos meus 15 anos desenvolvi uma paixoneta pela Mira Sorvino quando a vi em Mighty Aphrodite, também não me posso esquecer da vontade com que devorava cada plano em que a actriz aparecia na tela vestida de cabedal como a sensual Catwoman. Mesmo a chorar, borrando a pintura, ou a servir de alimento a gatos vadios, a mulher está sempre impecável. Ah, também é uma excelente actriz e está maravilhosa em todas as suas cenas, caso o leitor se interesse por essas coisas. Além de tudo o resto, o argumento é também rico na forma como explora a dualidade existente em todas as personagens. Antes de Joel Schumacher ter iniciado o processo de destruição do mito do homem-morcego (com direito a mamilos nos fatos e tudo) agora recuperado por Christopher Nolan, Tim Burton conseguiu realizar aquele que é ainda a melhor adaptação para cinema de um herói da banda desenhada e o seu melhor filme, batendo mesmo o jovem das tesouras e o Mr. Camisolas de Angora.
posted by Juom @ 11:50 da tarde   2 comments
segunda-feira, junho 09, 2008
Rúbrica "Duelo" - Tim Burton


Para a criação de uma nova rubrica - "Duelo" - nada como começar com um confronto opinativo sobre os filmes favoritos de um determinado realizador, neste caso Tim Burton, e especificamente "Ed Wood" VS "Batman Returns", defendidos respectivamente por mim, Duarte, e pelo Paulo. Let the games begin...

Lembro-me de ver "Ed Wood" há uns bons anos atrás, quando ainda não era um cinéfilo assim tão dedicado e apaixonado, e ter-me rido e delirado como um perdido. É que a história de vida do pior realizador da história do cinema só pode dar no melhor filme de Tim Burton. E o pormenor deste postal ilustrado de nome completo Edward D. Wood Jr. ter como maior obsessão e fétiche vestir camisolas rosas de angóra não é nunca de menosprezar. Mas não é só isso é claro. Temos também a melhor personificação de Johnny Depp, que alia aqui como ninguém o seu talento para a comédia, mas nunca deixando de transmitir a vulnerabilidade e inocência daquela personagem, que acreditava cegamente, para mal dos nossos pecados, na sua qualidade artística e na sua, infelizmente lendária, visão cinematográfica. E depois está tudo construído com amor por aquela época, um amor distorcido é verdade, mas que homenageia não só a glória de outra Hollywood, mas também a marginalidade e pós-decadência, tão bem simbolizados pelo Bela Lugosi de Martin Landau, que lhe valeu um já muito celebrado Óscar. E porque gostamos de cinema, e gostamos de ver um belo de um preto-e-branco, e gostamos de imaginar como seria pegar numa máquina de filmar, e de como seria construir mundos vindos de outra galáctica a partir de bugingangas, e cruzar planos de polvo com planos de pseudo-transexuais chamados Glenda, e contratar lutadores de wrestling para se disfarçarem de vampiros. E porque é tudo tão bizarro e estranho no universo de "Ed Wood". E porque é tudo tão real. E porque é, assim mesmo, o melhor e mais humano filme de Tim Burton.

Dito isto, passo a palavra ao Paulo, e ele que prove que o filme sobre o Homem a quem chamam de Morcego consegue superar o filme sobre o homem que menos talento tinha para filmar tinta a secar...
posted by The Stranger @ 8:48 da tarde   2 comments
sábado, junho 07, 2008
Sex and the City
Não será necessário grande esforço para recordar os tempos em que Sex and the City estreou em Portugal, na SIC, até porque me recordo perfeitamente da publicidade e de alguns comentários que ouvia na época, sobre uma série televisiva bastante sexual, onde era até apresentada com a famosa bolinha vermelha no canto superior direito do ecrã. A curiosidade tornou-se por isso bastante grande, e o seu visionamento obrigatório. Visto o primeiro episódio, percebi que afinal não havia razão para tanto alarido. Tudo bem, estávamos diante de uma série onde o sexo era abordado com uma naturalidade pouco comum na televisão, mas de resto, percebi que iríamos seguir a história de um grupo de personagens (femininas, também nem sempre muito usual) bastante interessantes e diálogos particularmente inspirados. Seis temporadas e muitos episódios depois, a série chegou ao final e, embora sem manter uma regularidade qualitativa particularmente impressionante, foi sempre divertida e interessante de seguir, mesmo nos piores momentos.

Dois anos depois do final da série, eis que se chegou à conclusão de que afinal ainda se poderia esticar um pouco mais a trama de Carrie Bradshaw e companheiras em Nova Iorque, e os seus tormentos com o Mr. Big que sempre lhe atormentou a vida, mas com quem acabou junta no derradeiro episódio. Ora, o filme abre com a decisão de casamento entre Carrie (Sarah Jessica Parker) e Big (Chris Noth), como que caída do céu, depois de terem encontrado um apartamento ideal onde possam viver juntos. Entretanto, Miranda (Cynthia Nixon) vê o seu casamento com Steve estremecido, Charlotte (Kristin Davis) continua a sua felicidade conjugal com o marido e a filha adoptiva e Samantha (Kim Kattrall) está a viver em Los Angeles com o seu namorado actor, mas sempre de visita às amigas do outro lado do país, a quem confessa a necessidade de aventuras sexuais mais aliciantes...

Como fã moderado da série televisiva, entrei no cinema esperando um nível de qualidade ao nível do que me tinha habituado e, mesmo sem grandes rasgos, esperava divertir-me. No entanto, essas previsões começaram a cair por terra logo nos primeiros minutos, onde a introdução das personagens é feita de forma algo atabalhoada, com diálogos e montagens preparados minuciosamente para que, em minutos, o espectador desatento da série pudesse estar a par do que se passava à sua frente. A essa falta de naturalidade na introdução das personagens, onde a habitual voz-off da protagonista deixou de lado as reflexões sobre a vida para se centrar no resumo da história, segue-se uma narrativa bastante desinspirada, que culmina nos preparativos de um casamento para o qual ninguém, excepto Carrie, parece particularmente entusiasmado, muito menos o espectador. Tudo isso atinge o cúmulo em sequências onde pouco mais se faz do que desfilar um monte de marcas da moda, para delírio dos estilistas visados. Com muita honestidade, a primeira hora da longuíssima duração do filme (duas horas e meia, equivalente a 5 episódios da série consecutivos) está ao nível do pior que vi este ano cinematográfico. A partir do casamento, as coisas até se vão compondo, mesmo que narrativamente continuem desinteressantes, há algum espaço para aquele humor corrosivo habitual na série.

Ainda assim, é muito pouco, e o produto cinematográfico originado por uma série que desde sempre se assumiu como transgressora, é demasiado banal. Julgo que não há espectador que duvide do desenlace da obra desde os primeiros minutos, talvez com excepção daquela que sempre se revelou a personagem mais interessante: Samantha. Por outro lado, devo admitir que nunca me senti particularmente empolgado por Carrie e as suas desavenças amorosas, nem na série nem no filme, o que torna a ligação emocional ao filme bastante mais complicada de conseguir, uma vez que todo ele se centra praticamente nela. Em muitos sentidos, simboliza o que de pior tem o feminismo exacerbado, tendência que o filme acompanha, fazendo das personagens masculinas aquilo que muitas vezes é tido como um contra nas personagens femininas no cinema: meros acessórios narrativos, tão vazios de conteúdo quanto as carteiras e os sapatos que desfilam diante de nós. De resto, a abordagem de Michael Patrick King, o criador da série, não está muito distante daquilo que fazia na TV, o que se revela particularmente fatal, uma vez que se torna infinitamente mais complicado controlar o ritmo narrativo para a duração de uma longa-metragem. Talvez seja o filme ideal para os fãs acérrimos da série, mas aqueles que sempre lhe foram indiferente, irão continuar a sê-lo. Aqueles como eu, que lhe achavam alguma piada, irão caminhar nessa linha ténue entre a aprovação e a reprovação. Infelizmente, não sou capaz de aprovar.

posted by Juom @ 5:04 da tarde   1 comments
quinta-feira, junho 05, 2008
Filme do mês | Maio

Ana Silva My Blueberry Nights

Um filme sem corantes nem conservantes. Um filme que dá fome. Um filme que desperta os sabores e que com eles traz as sensaçoes. A forma como as relações humanas se podem reflectir e crescer nos momentos de partilha. Destaco especialmente a história e a performance do casal Rachel Weisz e David Strathairn que, apesar de representarem uma perspectiva mais «destrutiva» de como uma relação pode evoluir, mostram tão bem como não se consegue viver sem o outro - seja ele um principe encantado, ou não. Uma nota também para a banda sonora, e para o aspecto delicioso da blueberry pie.

H. My Blueberry Nights

É o regresso especial de Wong Kar-Wai. Especial porque rodado na América. Especial porque a língua que se ouve é o inglês. E, contudo, especial por permanecer tão idêntico, porque a mestria de Wong Kar-Wai é perceptível a cada plano. E, já agora, a cada nota da banda sonora, a cada atmosfera criada, a cada personagem dorida, a cada sensação de experimentar uma forma poética de cinema. Não será o ponto mais alto da sua filmografia até agora mas está muito longe de ser um fiasco.

NOTA: Por aqui saúda-se também o regresso das aventuras do Dr. Jones.

not_alone My Blueberry Nights

Como comer um pedaço de tarte, My Blueberry Nights é de um doce melancólico. Sentados no parapeito da janela, deixamos a framboesa de vermelho saturado guiar-nos por todas aquelas viagens que ainda sonhamos fazer. E deixamo-nos ir nesse engano de que as saborosas garfadas não vão deixar um travo amargo na boca. Mas deixam sempre.

Paulo Shine the Light

Num mês que marcou também o regresso de Wong Kar Wai com o belíssimo My Blueberry Nights, não podia deixar de destacar esta maravilhosa delícia de Martin Scorsese, em forma de filme-concerto dos Rolling Stones. Com a ajuda de um conjunto notável de operadores de câmara (muitos deles, premiadíssimos directores de fotografia), Scorsese conseguiu captar não só a perfomance vibrante da mítica banda como também uma intimidade em palco poucas vezes vista neste género de trabalhos. Se é para assistir a um concerto no cinema, então este que venha assinado por Martin Scorsese

P.R. Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

Tenho presente que num mês "normal" destacaria My Blueberry Nights, que foi dos meus filmes que mais me arrebatou este ano. Mas o meu fanatismo pela saga conduz-me a destacar o regresso de Indiana Jones. Não é um filme brilhante, é pior que qualquer um da primeira trilogia, tem cenas patetas, tem um Harrison Ford velhote, tem cenas completamente inverosímeis, tens aliens mas.... é Indiana Jones. E só isso catapulta-o logo para o filme do mês. E reafirmo: eu gostei bastante!

Duarte Le Graine et le Mulet

Um filme multi-premiado pelos "Césares" Franceses e que aposta na simplicidade e genuidade" da história que conta, das multi-personagens que acompanha e do modo acessível e caseiro como tudo é invulgarmente retratado. É um passeio detalhado pelo microcosmos de uma comunidade de emigrantes, e sentimos que a câmara está mesmo lá, ao lado deles, a partilhar as suas vivências connosco e a documentar as suas uniões, alegrias, frustrações, ambições e até devaneios. E por isso ficamos presos a olhar para a tela, porque há uma identificação com o lado real e natural da nossa vida, e porque sentimos que tudo aquilo simplesmente é."
posted by P.R @ 1:33 da tarde   1 comments
segunda-feira, junho 02, 2008
Grande Momento | Jackie Brown
Nada como regressar, novamente, ao meu Tarantino favorito. Não sei bem de onde vem esse "favoritismo", mas certamente que terá a ver com o olhar diferente que o realizador nele prestou às suas personagens, e que muitos gostam de referir como amadurecimento.

Este momento abre o filme, recupera o início de outra obra divinal, The Graduate, de Mike Nichols e estabelece, em certa medida, a sua personagem. Pam Grier, a eterna heroína dos blacksploitation dos anos 70 surge em grande na tela, o título do filme preenche todo o quadro enquanto Bobby Womack canta no fundo. Segundos mais tarde, vemos essa heroína afinal reduzida a uma simples hospedeira de bordo a caminho do México. Apenas a iremos recuperar muito mais tarde no filme, mas estas primeiras imagens nunca a deixam fugir da memória...

posted by Juom @ 6:35 da tarde   4 comments
 

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