sexta-feira, outubro 31, 2008
Em Bruges

Comédia, drama, humor negro, punch lines soberbas, prostitutas, Canadianos, droga, suicídios, Bruges, violência explicita, padres, miúdos, anões.

Ora aqui está os condimentos daquela que para mim é a segunda grande surpresa do ano depois de 4 meses, 3 semanas e 2 dias. Escrito e realizado por Martin McDonagh, o autor da sublime peça de teatro Pillowman, Em Bruges é uma comida negra tão boa que faz corar de vergonha os irmãos Coen. Esta sim é a comédia do ano. Um filme brilhantemente escrito, com grandes interpretações sobre dois assassinos profissionais que esperam novas ordens do seu chefe enquanto passam umas “férias” em Bruges.

Devo destacar, como forma de penitência, o desempenho de Colin Ferrell, actor que não me agradava minimamente. Em Bruges, Farrell, que já tinha estado bem em Cassandra’s Dream, transforma-se e oferece-nos uma interpretação inesquecível enquanto assassino com problema de consciência. A sua “performance” é tão autêntica que arrisco-me a dizer que é das melhores que vimos este ano por aqui.

Portanto, caríssimos, não deixem que este se perca no meio de tantas estreias sonantes. É mesmo um dos melhores filmes do ano.

posted by P.R @ 1:33 da tarde   8 comments
Legendary Tiger Man |Santiago Alquimista | 30-10-08

Paulo Furtado. One man band. One man show.

Não deve ser fácil… rodeado de instrumentos, preparado para os tocar ao mesmo tempo… todo o peso de um espectáculo sobre os seus ombros. Uma figura de coragem, este Legendary Tiger Man, um dos mais interessantes e peculiares projectos portugueses. Em pouco mais de uma hora, num concerto proporcionado pela Nokia (Nokia on-live) e com transmissão em directo pela internet, o Santiago Alquimista soube preencher-se, por entre entusiastas e simples curiosos. Masquerade, The whole world’s got the eyes on you e Big black boat marcaram presença. Mas houve ainda tempo para dar a conhecer um pouco do novo álbum (preparado para ver a luz do dia) assim como uma música que, segundo o próprio, foi feita na noite anterior, numa pequena maratona de seis horas.

Sozinho em palco, Paulo Furtado provou mais uma vez (embora num contexto totalmente diferente) por que razão é considerado por muitos como o mais carismático front-man da música nacional. Com momentos mais pausados, ao som de blues soube levar o público para uma América profunda que conhecera em viagem, e que a maior parte das pessoas só conhece de alguns filmes e de umas quantas músicas perdidas por aí. Noutras alturas, mostrou-se na sua melhor forma, num rock puro e bem concreto, mostrando qual é a verdadeira essência de uma banda concentrada numa única pessoa. Atrás do “ex-tédio boy”, um ecrã gigante passava vídeos da autoria do próprio, para além de uma pequena curta de Edgar Pêra e de uma estranhamente sensual produção pornográfica nórdica dos anos 60. Nada de indecente, porém, tudo “muito bonito”, citando o músico.

Com Legendary Tiger Man, também os Wraygunn (banda de que é vocalista) cresceram muito nos últimos anos. Em palco, sim, mas acima de tudo a nível musical sente-se a evolução que esta experiência a solo permitiu. Um bom concerto, sem dúvida. Mas de Paulo Furtado não se costuma esperar outra coisa.

posted by P. @ 1:45 da manhã   2 comments
quinta-feira, outubro 30, 2008
Sugestão musical - Cut Copy

A primeira vez que os ouvi foi na antena 3, ainda assim a melhor rádio cuja frequência se apanha no interior do país... A melhor rádio para gente que ainda não tem que ir pôr os filhos à escola de manhã..., entenda-se... eheh! (ou talvez não, dependendo da perspectiva e das possibilidades...)

Mas dizia eu, a primeira vez que os ouvi foi na antena 3 e foi com o tema "lights and music", hoje sobejamente conhecido.

Às vezes é pena que os temas se tornem "sobejamente conhecidos", sei lá..., as coisas perdem o encanto... Não deixam de ser boas, mas vulgarizam-se, tão só...

Este tema é diferente! É New Order, com laivos de "psicadelismo dançante", bem ao jeito do gosto daqueles que, de vez em quando, e por mero exercício catártico, se entregam aos deleites de "Hedónis"...

Oiçam e, se gostarem, dêem um saltinho ao Lux no dia 13 de Novembro. :)

posted by Ursdens @ 9:33 da tarde   2 comments
At The Drive-In - Invalid Litter Dept

Esta já tem alguns aninhos.

O vídeo? Incomum. Um vídeo em tom de reportagem. Bem pensado, bem conseguido; tão genuíno quanto ingénuo. A banda? At the Drive-in, provavelmente a banda punk menos punk da história. Os dois jovens com demasiado cabelo que aparecem no vídeo são Cedric Bixler (voz) e Omar Rodriguez (guitarra). São irmãos e mentores do projecto. Os At the Drive-in acabaram, the Mars Volta chegou para substituir (cabeças de cartaz no último Verão em Paredes de Coura). Mais complexo, mais arrojado, profundamente mais difícil de ouvir. Rock progressivo, é como são caracterizados. Mas the Mars Volta é músculo, labirinto sonoro bruto, um verdadeiro portento ao vivo. Noutra altura falarei sobre eles. Por hoje fica o vídeo, de uma altura em que já começavam a ganhar algum destaque, com uma excelente música a acompanhá-lo.

Os video-clips mais interessantes são mesmo assim, tiram espaço à própria música.

posted by P. @ 12:06 da tarde   7 comments
quarta-feira, outubro 29, 2008
Doc Lisboa


Prémio Tobis para o melhor docmentário português de curta-metragem



O Segredo CN de Edgar Feldman25´ Portugal 2008




António Dias Lourenço, hoje com 94 anos, comunista, relembra os anos de encarceramento no Forte de Peniche, durante a ditadura fascista em Portugal, focando-se no episódio da sua evasão em 1954. É essa fuga, de uma coragem física notável, que o filme pretende mostrar. Percorrendo a velha cadeia de alta segurança e o que resta do antigo edifício, Dias Lourenço evoca as peripécias pelas quais passou para se evadir e mostra algumas das salas onde ele e os seus camaradas viviam diariamente. Foi depois de ter sido castigado a um mês de “segredo” (um cubículo sem luz destinado às piores reprimendas) que resolveu engendrar uma das mais bem sucedidas e espectaculares fugas. (Sinopse retirada do site do doc Lisboa).


Os meus parabéns ao Gonçalo Roquette que, em parceria com o Edgar Feldman, se empenhou neste projecto do primeiro ao último minuto! Ai se eu ainda vivesse em Lisboa!... Mas pronto, alguém me há-de arranjar o dvd... :)
posted by Ursdens @ 5:39 da tarde   0 comments
segunda-feira, outubro 27, 2008
Tres Dias

Armaggedon ainda paira assustadoramente nas nossas memórias e quando pensamos em filmes sobre meteoritos que vão dizimar a terra há um súbito sentimento de repulsa. Tres días tem essa permissa, um meteorito, dirigido para a terra, pronto a terminar a vida no nosso planeta. Neste cenário apocalíptico conhecemos Rosa e Alejandro. Mãe e filho, numa cidade perdida espanhola.

Pelas (poucas) notícias que a televisão vai transmitindo, apercebemo-nos do terror que invade um mundo com prazo de validade de três dias. Rosa, com a ajuda do filho, procura abrigo na casa de um outro filho. No meio do campo, sem vizinhos à vista, as únicas pessoas que ainda encontram são 4 crianças, netos de Rosa, deixados ao abandono. E um visitante que teima em não se ir embora.

Se, no ínicio pensamos que este seria um filme sobre o fim do mundo, depressa nos apercebemos que isso serve apenas como fundo para toda outra história, bem mais interessante. O fim do mundo pode estar perto, mas não vem do espaço. Como vimos recentemente em filmes como [REC], o cinema espanhol está a aperfeiçoar cada vez mais o terror e a trazer-lhe sempre algo de novo. Tres Días balança muito bem entre o suspense e o declaradamente violento, com personagens intensas e memoráveis.

A ajudar a criar o ambiente, temos uma realização inteligente por parte de F. Javier Gutiérrez e uma fotografia exemplar de Miguel A. Mora. A fazer lembrar a brancura ofuscante de Blindness. Tres Dias deu que falar no festival de Berlim, por cá resta-nos esperar que alguém se lembre de o pôr nas salas de cinema ou numa prateleira da Fnac.

posted by not_alone @ 4:03 da tarde   2 comments
quarta-feira, outubro 22, 2008
Eels

Os Eels, como quem não quer a coisa, tornaram-se das minhas bandas preferidas. Discretos, humildes e talentosos como tudo, acimentam uma carreira com poucas falhas a cada passo que dão. Não se dão aos mediatismos de uns Coldplay, nem foram alvo de um culto ao nível dos Arcade Fire. São independentes, no sentido em que têm tanto ou mais sucesso que qualquer uma das bandas que referi anteriormente, mas fazem-no quase totalmente à margem do mainstream. Os Eels incarnam o espírito que a cassete (aquela coisa com uma fita que se metia num rádio e dava música) teve no final dos anos 80, ínicio dos anos 90, na qual faziamos gravações de musicas e partilhavamos com amigos. Assim passam eles, de boca em boca, da família para os amigos, apenas a quem temos confiança que saberá apreciar. São portanto, sem qualquer preconceito, uma banda familiar.

Claro, também são uma banda de rock, alternativa, estratégicamente dependente do seu front-man, Mr. E, e das suas paranóias crónicas. Complexos na mensagem que transmitem, mas de uma simplicidade inocente na forma como o fazem. Reinventam-se, como a Madonna gostaria de conseguir, a cada projecto. Cada capítulo, uma fase, cada fase terminada e abandonada à sua boa sorte. Sempre com algo mais em vista.

Seguindo o método Radiohead, os Eels disponibilizam agora no seu site oficial (http://www.eelstheband.com), um EP de 4 canções ao vivo. São músicas já editadas na sua discografia, mas vale sempre a pena revisitar esta banda. Trazê-la de novo para o nosso lar e partilhar com ela um belo serão.

"And maybe it's time to live"
posted by not_alone @ 5:10 da tarde   0 comments
terça-feira, outubro 21, 2008
Sábado à noite em Lisboa...

21h. Cidade Universitária. Aula Magna. Os amigos e vizinhos da Deolinda aglomeram-se à entrada com um sorrisos nos lábios."Ainda arranjaste bilhete? Sim! Não foi fácil. Mas não podia perder isto". Aproximamo-nos da hora marcada. Indicam-nos a entrada para casa da menina que canta os seus desamores. Entremos.

21h. Lisboa. Coliseu. Relativamente poucos, mas na maioria bons. Bem dispostos, sabem para o que vão. Entra Tiago Bettencourt, dispensou a banda, consciente de que faz uma primeira parte. Sem nada a provar, entra bem disposto, e diverte todos os presentes. Tem sentido de humor. O público aplaude, diverte-se e acompanha os temas. Mas, com todo o respeito, queremos a outra. Queremos Aimee. Está na hora.

A sala está quente, o ambiente muito acolhedor. A adesão foi tanta que tivemos que nos sentar nas últimas filas. Mas não faz mal, o que conta é que estamos na casa da Deolinda. Casa essa, elegantemente decorada com umas molduras com fotos suas, e vários naperons a decorar. O público já bate palmas. 22h10 Deolinda sobe a palco. Ela não é menina de fazer esperar muito os amigos.

Começamos com alguns temas do novo álbum. Há quem lhe chame "Smilers", ou "@#%&*! Smilers", mas o meu favorito é o unrated "Fucking Smilers", expressão que tão ironicamente se aplica ao tom das suas canções e à sua habitual postura tranquila. São "temas dispersos", como lhe chama a singer/songwriter, mas também inconfundíveis na sua autoria. Para os ignorantes que, como eu, ainda não tinham tido acesso ao seu novo trabalho, revelam-se uma bela surpresa. "Stranger into Starman", "Looking for Nothing", "Freeway" e "Phoenix" são, também, uma maravilha para os ouvidos.

O primeiro grande concerto na capital é iniciado por "Mal por Mal". Sempre com uma introdução antes das músicas, porque a Deolinda não quer que nos percamos nas suas aventuras, segue-se a história do rufia em "Fado Toninho" (a primeira ovação da noite), "Contado Ninguém Acredita" e "Quando eu janto em restaurantes", uma ode aos "amigos da onça" dedicada aos seus colegas cantores. 22h30. O público está completamente conquistado. Timidamente, já algumas pessoas se começam a levantar das cadeiras. Está a chegar o Fon-Fon-Fon.

O início é prometedor. Aimee Mann não é, como se esperava, particularmente explosiva em palco, nem os seus concertos devem muito ao conceito de espectáculo. Há, isso sim, um tom acolhedor, sóbrio e bastante elegante em cada canção. O público gosta, e aplaude fervorosamente no final de cada canção. Aimee agradece, visívelmente satisfeita. Seguem-se talvez os temas mais famosos, que trazem colados a sí o filme de Paul Thomas Anderson. Fala-se de "Magnolia", claro, e canções como "Save Me" e "Wise Up" recordam o momento em que tantos de nós ficamos a conhecer-lhe o nome, e por ela nos apaixonámos.

A paixão pelo músico que toca Tuba na filamórmica do bairro é cantada a centenas (milhares?) de vozes. Todos conhecem a música que apresentou os Deolinda ao país, país esse que eles tão bem encarnam e cantam. Ana Bacalhau, graciosa e expevitada, dança ao som do seu ritmo, enquanto Pedro da Silva, José Luís Martins e Zé Pedro Leitão continuam concentrados nas suas sonoridades. A música termina com um bem alto ... "que se lixe o romantismo". Mas não é bem assim. "O Fado não é mau" e principalmente "Entre Alvalade e as portas de Benfica" demonstra que a Deolinda muito gosta de se apaixonar.

Tudo prossegue, tranquilamente. A banda é segura, e as performances mantêm sempre a qualidade lá em cima. Seguem-se outros temas, revisitando álbuns antigos ou apresentando o novo trabalho. São quase todas canções pop mergulhadas em tristeza, mas que deliciam os fãs. Outros pontos altos, como "31", "Little Tornado" ou "Red Vines" chegam a provocar o arrepiozinho. Nomeadamente a última, em que a artista dispensa a banda por uns segundos e, sozinha com a guitarra, espalha as suas palavras doces. Estamos perto do fim, e já com saudades.

Segue-se a canção que deu nome ao álbum, Canção ao Lado, e o Brasil chega à Aula Magna, através dos desabafos de uma "Garçonete da casa de fado". Depois do inédito "Fado Notário", a Deolinda apresenta o seu "Movimento Perpétuo Associativo", que muitos desejam transformar em hino. Cantado a plenos pulmões por todos, fechava assim o primeiro ciclo. A Deolinda estava bastante orgulhosa e agradeceu a todos. Ainda haviam de voltar. 3 vezes. Os amigos e vizinhos estavam satisfeitos e orgulhosos, porque se uma vida não cabe entre Alvalade as portas de Benfica, cabe certamente nas letras e na música da nossa querida Deolinda.

Concluia-se uma noite em cheio. Depois de terminado o alinhamento principal, houve ainda tempo para um regresso, com "Magnolia" novamente no centro das atenções, ao som de "One" e de "Deathly", excelente forma de terminar o serão. Os aplausos eram contínuos, entre e durante alguns temas, e Aimee sempre sorridente (e bastante mais bonita ao vivo, diga-se) agradecia, surpreendida mas satisfeita. Tudo acabou, mas nem mesmo o trânsito infernal que nos aguardava cá fora fez esquecer o prazer de a ouvir. Que volte novamente para o ano. Nós agradecemos.



Deolinda por P.R
Aimee Mann por Paulo

Fotos: Blitz
posted by P.R @ 9:53 da manhã   9 comments
segunda-feira, outubro 20, 2008
Grande Momento | Woodstock 69
O Festival de Música e Artes de Woodstock em 1969 era para ter sido um festival "normal". Realizado numa fazenda em Nova Iorque, nos dias 15,16 e 17 de Agosto, estimava-se que aparecessem cerca de 50 mil pessoas. A verdade é que apareceram mais de 400 mil, muitas delas sem pagar bilhete. Como resultado, as ruas ficaram completamente congestionadas, e foi decretada calamidade pública.



Mas Woodstock representou muito mais do que isso. Aquele que é considerado como "o" festival de música foi o auge da era hippie. Um ano após o Maio de 68, celebrava-se os mesmos valores ao som de Santana, Janis Joplin, Creedence Clearwater Revival, The Who, Jefferson Aeroplane, Joe Cocker, e Jimmi Hendrix, entre outros, que teve a honra de “fechar” o festival.

Assim sendo, escolho o "hey Joe" de Hendrix, a última musica a ser tocada no festival, para ilustrar esse grande e marcante momento que foi o Woodstock de 69.



posted by P.R @ 12:44 da tarde   1 comments
sábado, outubro 18, 2008
Mal Nascida


Mal nascida. Mal criada. Mal amada.
É o que nos fazem crer antes de entrarmos na sala de cinema. É assim que nos guiam durante a primeira parte do filme. Mas Lúcia não é assim.

Lúcia é uma pessoa sem corpo, sem alma, apenas com uma vontade cega de fazer justiça com as próprias mãos. Algo que ninguém à sua volta compreende mas que, na verdade, é somente a sua justiça. Lúcia sofre, nas mãos da mãe e do padrasto, e por si mesma, carregando uma dor que não é a sua.

A figura de Lúcia, fantasticamente interpretada por Anabela Moreira, encarna o recalcamento das tradições e a defesa das verdades absolutas. Representa a teimosia de não encarar os factos, de ser fiel a uma pessoa que nunca existiu da forma como a vê.

Gostei muito do filme mas não gostei de Lúcia. Uma pessoa dura, rude, que talvez se desconheça a si própria e que, no interior profundo, no isolamento, encontrou na vingança das pequenas coisas a sua razão de viver.

Mal Nascida é um filme cru, que mói, é filme com um ritmo muito próprio, que também por isso nos transporta para um fim de mundo, um sítio que não queremos acreditar que ainda exista… Existe, de facto, e apresenta-se na perfeição perante nós, pelo seu elenco de luxo: o grande desempenho (na minha opinião, o melhor) de Fernando Luís – o padrasto violento –; Márcia Breia – a mãe que «parece» não sofrer –; e Gonçalo Waddington – o desconhecido que vem mudar o rumo e a vida de Lúcia.


posted by Ana Silva @ 7:30 da tarde   2 comments
sexta-feira, outubro 17, 2008
Halloween Remake

Sendo um fã acérrimo do cinema de John Carpenter, e claro, lá está, do seu "Halloween", sempre tive alguma curiosidade, nem que fosse de esguelha, em dar uma vista de olhos no remake contemporâneo da autoria de Rob Zombie, de quem sempre ouvi dizer coisas boas, desde que se imiscui no universo dos horrores cinematográficos. E este novo "Halloween" é um filme agradável de se ver, claro se, por agradável, entende-se violência extrema e grandes doses de mortes macabras e ensanguentadas. Zombie mostra um adequado sentido sentido de estética, ilustrando o filme de forma sempre intensamente soturna e opressiva, não tendo grandes rodeios na forma como assume este Michael Myers - ele é um ser sem consciência entre o bem e o mal e uma espécie de relevo demoníaco à solta em Haddenfield. Uma verdadeira máquina de matar. E aqui até temos um pouco de reconstrução dramática da infância desta personagem, e passam mesmo por esses construtivos minutos iniciais, alguns dos melhores momentos da película, onde há uma densidade psicológica que, infelizmente, já está perfeitamente precária lá para o fim, onde o piloto automático já está ao volante de um qualquer outro tipo de slasher movie. E é assim , que na comparação com o original, que seria sempre injusta, este filme perde quase tudo. É que um é um exercício de estilo irrepreensível e imaculado, subtil nas tonalidades de terror, mas que por dizer tão pouco, e mostrar tão pouco, faz perdurar ad eternum esse imaginário. Esta versão é bem mais explícita, mas também por isso mesmo, bem menos interessante.
posted by The Stranger @ 3:35 da tarde   1 comments
quinta-feira, outubro 16, 2008
Sugestão Musical | Bon Iver | For Emma, Forever Ago

Triste, disperso, sentido. Uma das melhores surpresas que tive neste ano musical e de certeza uma das maneiras mais construtivas de se curar uma depressão. A história é simples, desgosto amoroso, o músico afasta-se do mundo, fecha-se num rancho durante algum tempo e quando volta à vida real, traz na bagagem um álbum muito interessante - com um ambiente que lembra outro excelente senhor, Rufus Wainwright.

With all your lies, you're still very lovable.

Bon Iver – fica aqui a sugestão.



posted by P. @ 11:17 da manhã   2 comments
quarta-feira, outubro 15, 2008
Oasis de regresso a Portugal

Quatro anos depois, os Oasis vão voltar a Portugal para um concerto no dia 15 de Fevereiro no Pavilhão Atlântico. Integrado na digressão de apresentação do seu novo álbum, Dig Out Your Soul, esta será uma oportunidade única para ver os irmãos Gallagher ao vivo. Os bilhetes serão colocados à venda amanhã, dia 16 de Outubro, a partir das 11 horas.

Juntando-se a esta notíca o rumor da vinda quase certa dos AC/DC e o concerto de Depeche Mode (entretanto já esgotado) e conclui-se que 2009 promete...


Fonte:
Blitz
posted by P.R @ 11:44 da manhã   3 comments
segunda-feira, outubro 13, 2008
doclisboa 2008
Em destaque na edição deste ano do doclisboa encontra-se uma retrospectiva de grande parte da obra de Frederick Wiseman - que irá dar uma masterclass -, e a cinematografia chinesa - de que Jia Zhang-ke é um dos nomes. Depois irão passar obras como Maradona by Kusturica de Emir Kusturica, Standard Operating Procedure, de Errol Morris, ou Jogo de Cena de Eduardo Coutinho. Razões mais do que suficientes para não perder esta sexta edição do festival, a decorrer de 16 a 26 de Outubro. Mais informações aqui.
posted by Carlos Pereira @ 10:18 da tarde   2 comments
domingo, outubro 12, 2008
Grande Momento | Persona
Estamos em terreno surreal, a meio caminho entre os recantos mais torturados da mente, em forma de pesadelos e desejos sexuais. É, certamente, um dos filmes mais arrojados que alguma vez me lembro de ter visto, e também dos mais brilhantes. É cinema em estado puro. É Bergman, para ir de encontro a uma conversa tida aquando do anterior Grande Momento, mas deixando um pouco de lado a sua arte enquanto director de actores, e destacando a de brilhante manipulador de imagens mais experimental. Quem nunca viu Persona, tem aqui os primeiros 6 minutos e meio, mas fica desde já avisado: é diferente de tudo o que alguma vez viu.

posted by Juom @ 1:01 da manhã   5 comments
sexta-feira, outubro 10, 2008
De saída
Foram cerca de dois anos e meio de colaboração com este espaço. Partilhei impressões sobre cinema, música, teatro, exposições, bailado, livros, tv... Descobri coisas interessantes, vivi bons momentos e tive o maior gosto em dá-los a conhecer aqui. Mas agora, por várias razões, não poderei continuar a fazer o mesmo.
Obrigada a todos os que leram o que por aqui fui escrevendo e obrigada a todos os membros deste blogue pela oportunidade que me ofereceram, desde 2006, para escrever sobre vários temas aqui. Não esquecerei os tempos do Take a Break, mesmo que a vida agora imponha outros rumos. E desejo a maior sorte para o futuro deste espaço colectivo de divulgação cultural.
Vemo-nos por aí...

H.
posted by H. @ 7:10 da manhã   8 comments
quinta-feira, outubro 09, 2008
Vai-se lendo, vai-se tentando, vamos no bom caminho...

A propósito de nóbeis da literatura, tenho andado a ler um livro intitulado "A conquista da felicidade". É um ensaio do senhor Bertrand Russell, cuja temática se espelha facilmente no título do livro. Despretensioso, arejado e cheio de boas ideias...

Ainda só vou na página sessenta e, devo confessar, a maior parte dos "segredos" para a conquista da felicidade já eram por mim conhecidos. No entanto, já aprendi muitos outros, alguns "valiosos"!

Costuma-se dizer que, quem se conhece bem, é, se o quiser, uma pessoa feliz... Lancem-se nessa aventura!

Deixo os "dez mandamentos de Russel", publicados na sua autobiografia:

1-Não tenhas certeza absoluta de nada.

2-Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.
3-Nunca tentes desencorajar o pensamento, pois com certeza tu terás sucesso.
4-Quando encontrares oposição, mesmo que seja de teu cônjuge ou de tuas crianças, esforça-te para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.
5-Não tenhas respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.
6-Não uses o poder para suprimir opiniões que consideres perniciosas, pois as opiniões irão suprimir-te.
7-Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.
8-Encontres mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se valorizas a inteligência como deverias, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.
9-Sê escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentares escondê-la.
10-Não tenhas inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.
posted by Ursdens @ 2:41 da tarde   9 comments
Nobel da Literatura para Jean-Marie Gustave Le Clézio


O Nobel da Literatura foi hoje atribuído ao escritor francês Jean-Marie Gustave Le Clézio. O Comité Nobel considerou o escritor merecedor do prémio pela sua narrativa de "aventura poética" e de "êxtase sensual", "explorador de uma humanidade para além (...) da civilização reinante".

Jean-Marie Gustave Le Clézio tem cinco obras suas publicadas em Portugal: "O Caçador de Tesouros", na Assírio e Alvim, um romance influenciado pela sua vida nas ilhas Maurícias; "Deserto" e "Estrela Errante", na D. Quixote; "Índio Branco", na Fenda; e "Diego e Frida", na Relógio d´Água.
Fonte: Público

De salientar que (o grande) José Saramago ganhou o seu Nobel há dez anos.
posted by P.R @ 2:22 da tarde   4 comments
quarta-feira, outubro 08, 2008
Burn After Reading

Que fazer depois de um Óscar? Talvez desaparecer durante um tempo, criar calmamente expectativas e voltar em força dois anos depois… não, nada disso. Ainda a recolher frutos de No Country for Old Men, e já ouvíamos falar do novo filme dos irmãos Coen, Burn After Reading, uma comédia que se apresenta agora com um elenco bem vistoso.

E que comédia… Jonh Malkovich, Brad Pitt, Frances Mcdormand, George Clooney… Ao que parece, das principais personagens apenas Tilda Swinton (também ela recente vencedora de um Óscar) não teve direito a um papel escrito a pensar nela. Esta é uma história de espionagem e contra-espionagem, de chantagem e traição, de intriga política e de amores desfeitos - e ao mesmo tempo nada disso é verdadeiramente relevante. Este regresso à comédia não se poderia ter apresentado de forma mais negra. Diálogos recheados de perfeitas preciosidades, um sentido de humor bem corrosivo, personagens com características do mais absurdamente humano que poderíamos encontrar, momentos em que quase que nos sentimos desconfortáveis; será que nos devemos rir de tal bizarria?

É óbvio que sim. Mas como é que duas pessoas se juntam, retiram da sua mente as ideias mais desconcertantes, e as moldam da forma mais simples numa tão terrível paródia? Burn After Reading é das melhores comédias do ano (não que a concorrência seja de peso). Não, é bem possível que seja a melhor do ano. Mas é negra, talvez demasiado negra para lhe ser dado o devido valor. Mas a verdade é que poucos momentos sangrentos poderiam ser tão…divertidos.


posted by P. @ 12:23 da manhã   3 comments
terça-feira, outubro 07, 2008
Sondagem | Balanço
E a melhor série televisiva do momento, segundo os visitantes do Take a Break, é:


Depois da votação mais concorrida desde que começamos estes desafios (236 votos), Lost acabou por ser a série mais votada. Eis os resultados:

#1 - Lost - 33 votos
#2 - Dexter - 30 votos
#3 - House - 29 votos

#4 - Heroes - 19 votos
#5 - Desperate Housewives/ Prison Break / CSI - 15 votos
#6 - Grey's Anatomy - 14 votos
#7 - Damages - 9 votos
#8 - Brothers and Sisters - 8 votos
#9 - Boston Legal - 7 votos
#10 - Weeds - 6 votos

Outras séries votadas (por ordem): Ugly Betty, Mad Men, The Office, Pushing Daises, How I met your mother, 24, 30 Rock, The L word, Chuck, Californication, Naruto, One tree Hill, Battlestar galactica, Entourage, Criminal Minds, Supernatural.

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Sem mais demoras passemos para nova sondagem. Desta vez o campo de análise é a literatura. "Qual é/foi o maior poeta português?". Deixem o vosso voto no sítio do costume.
nota: caso o vosso preferido não se encontre na lista podem votar escrevendo o seu nome na opção "Outro".
posted by P.R @ 4:21 da tarde   4 comments
domingo, outubro 05, 2008
Filme do mês | Setembro

Ana Silva Mamma Mia

Apesar de ter gostado muito de rever Phillip Seymour Hoffman - simplesmente fabuloso - e Ethan Hawke - de quem já tinha saudades, não posso deixar de destacar este mês "Mamma Mia", quase em jeito de «homenagem pessoal». O filme que celebra uma carreira brilhante dos ABBA, que dá vida a algumas das suas melhores canções, que me acompanharam desde que nasci (quase!), e que transmite a quem vê, uma energia contagiante. Meryl Streep volta a deliciar-nos com a sua versatilidade e espírito jovem, rodeada de um elenco muito divertido e de uma paisagem invejável.

H. Before the devil knows you're dead

O último filme de Lumet é uma tragédia familiar que o espectador vê desenrolar num crescendo de angústia e degradação moral. É um filme de actores que se transcendem, nomeadamente Philip Seymour Hoffman e é, acima de tudo, um trabalho de realização frio e sóbrio de um veterano que se revela desencantado com a vida. Um dos mais duros, mas um dos melhores, de 2008.

not_alone Nada a destacar

Paulo Before the devil knows you're dead
Um dos mais duros filmes de 2008, chega-nos com um considerável atraso, mas traz-nos um elenco brilhante e em grande forma (especialmente Philip Seymour Hoffman, cada vez mais o grande actor da sua geração) e Sidney Lumet de regresso aos grandes filmes. A realização é seca e implacável na forma como explora os espaços físicos e emocionais onde se movimentam as personagens, e o argumento, fragmentado e não-linear, apenas aumenta o grau de tensão à medida que nos vai oferecendo novos detalhes. Filme de actores, para adultos com bom gosto e, sem dúvida, um dos maiores murros no estômago deste 2008.

P.R. Before the devil knows you're dead
Depois de um atraso significativo (embora já seja positivo que não tenha ido directamente para dvd), o novo filme de Lumet é prodigioso. Com uma montagem e encandeamento dinâmicos que oferece uma versão complexa e tridimensional de cada personagem, Before the devil knows you're dead (belíssimo título) comprova dois dados que já muito se suspeitava: no cinema velhos são os trapos e Philip Seymour Hoffman é o melhor actor da sua geração.

Duarte Nada a destacar

P. Before the devil knows you're dead

Violento. Desesperado. Complexo. Before the devil knows you're dead é um exercício pleno de brutalidade, um verdadeira tragédia. Um elenco poderoso sob o olhar ao mesmo tempo lúcido e distorcido de Lumet. E de uma forma aparentemente simples, temos aqui um dos melhores filmes do ano.

Carlos Pereira Before the devil knows you're dead

Num mês de dois grandiosos filmes – Antes que o Diabo Saiba que Morreste e A Solidão – opto pela obra de Lumet. Não é fácil embarcar em viagem tão extrema e intensa, pontuada por pulsões de raiva e de desespero. Com uma mise-en-scène associada a uma prodigiosa economia formal, a narrativa chega-nos das diferentes perspectivas de cada personagem. E é impossível esquecer o trabalho de actores: Philip Seymour Hoffman, especialmente, é assombroso na sua composição. Aos 84 anos de idade, Sidney Lumet continua a ser um mestre da elegância e da arte de filmar.

Ursdens Nada a destacar

posted by P.R @ 8:42 da tarde   0 comments
sexta-feira, outubro 03, 2008
Grande Momento | The Shining

Kubrick era assim, sempre que se aventurava num género novo, fazia questão de criar obras irrepreensíveis. Esta incursão pelo cinema de terror é mais uma prova da capacidade do realizador. Aqui vemos o garoto de The Shining a explorar no seu triciclo o hotel onde vive sozinho com os pais. Já vi este filme (e esta cena) várias vezes. Ainda hoje fico impaciente com o que pode aparecer no corredor. Para quem as conhece, há também a oportunidade de ver o par de gémeas mais assustador da história.

Durante boa parte do filme aquela sensação latente de que algo de terrível está para acontecer. Um jogo de ilusão e de emoções, que poucas vezes se tem visto ao melhor nível (salvo, apesar de tudo, umas quantas honrosas excepções) em anos mais recentes do cinema de terror. Já alguém o terá dito antes de mim, mas ele merece: Stanley Kubrick sabia o que fazia.

posted by P. @ 1:13 da tarde   4 comments
Another Way To Die
Porque sei que, para os fãs da saga James Bond o tema musical é sempre um dos pontos de maior interesse, deixo aqui o vídeo da nova canção,"Another Way to Die", com Jack White, Alicia Keys, e muito estilo. Está longe de ser um tema típico de 007, mas (ou talvez por isso) eu gosto bastante. Ao menos isso, já que os filmes, incluindo o último, nunca me disseram muito.

posted by Juom @ 12:20 da manhã   3 comments
quarta-feira, outubro 01, 2008
Sugestão Musical | Wolf Parade | At Mount Zoomer
Depois de dois EP’s e um fabuloso primeiro álbum (Apologies to Queen Mary), o novo álbum dos Wolf Parade mantém bem altas as expectativas. Como se tem visto em anos mais recentes, o Canadá continua a dar-nos algumas boas surpresas.
In my head there's a city at night.
posted by P. @ 3:40 da tarde   0 comments
 

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