Omar Rodriguez Lopez - Mundo de Ciegos - Xenophanes
Um surpreendente álbum da mente por trás dos Mars Volta. Quando me aconselharam, disseram-me que Xenophanes é o melhor álbum de 2009. Desconfiado, pensei, Xeno quê?. Entretanto, já ouvi. A afirmação vale o que vale. Mas este álbum é um portento.
Declaração de interesses: Ainda não li Caim. Não sou católico. Da Bíblia li, há não muito tempo e por outras razões que não de fé, o Génesis e partes do Êxodo, do Levítico e do Apocalipse.
Leio Saramago praticamente desde que leio romances. Descobri-o pela minha mãe, leitora de há muito (bem antes do Nobel de 98). Acho-o soberbo, precisamente em toda aquela “estranha” pontuação que leva tantos a dizerem que não sabe escrever. Ele sabe escrever. E por muito que um Nobel possa (e até deva) ser discutido, por muito que possa ter de subjectivo, acho-o um escritor incontornável do nosso tempo. Merecia o Nobel, mais do que qualquer outro romancista português vivo. (E sim, sem desprimor, mais do que Lobo Antunes. Mas isso são outras histórias.)
Saramago, nesta altura, não está ao seu melhor nível no plano literário. O que não invalida que seja extraordinário. Já fez melhor, apenas isso. Tem 85 anos e se há coisa que aprecio em tal idade é a liberdade acrescida de expressão que deve dar. Sejamos honestos, a morte assusta menos quando nos está tão próxima. E Saramago expressou-se.
Como ainda vivemos em democracia, e realço o ainda, sou daqueles simplistas que defende que ele pode dizer “coisas” destas. A fé deve ser discutida, o que não invalida que quem é crente possa ter alguma dificuldade em fazê-lo. Da mesma forma que aceito a ideia de que, tratando-se de fé, não a vou entender nesses moldes. Mas o que a Bíblia diz pode estar sujeito a interpretações (foi assim ao longo da história, mesmo no seio da própria Igreja). E pode-se criticar, de forma bruta e sem receio – e entenda-se que, se as pessoas devem ser respeitadas (criticadas, sim, mas não difamadas), uma instituição obedece às mesmas regras – a Igreja.
Pela web (fóruns, espaços de comentários em notícias, blogues pessoais ou colectivos, como este aqui) muitas opiniões têm proliferado. E denota-se, em demasiados lugares, o ódio (sempre presente) e a incongruência, que assombra. E não falo de quem acredita que Saramago – e os que o defendem – se arrependerá no leito da morte. Falo de quem se apressa a defender a liberdade de expressão quando se trata de caricaturas de Maomé, mas que já fica de “pé atrás” quando se trata d’ A Última Ceia. Saramago, que felizmente não é consensual, debruçou-se sobre a Igreja Católica mas pelo menos generalizou: culpa as religiões. Ponto.
[Quanto à última pseudo-bronca, do Eurodeputado do PSD que acha que Saramago devia renunciar à nacionalidade, o seguinte: o comentário é legitimo (também eu tenho de me esforçar por ser coerente). É legitimo, sem dúvida. E tonto]
Heresia:
Na origem etimológica da palavra, herege é “aquele que escolhe”.
Uma das melhores bandas do universo alternativo pop, regressa com um álbum de título arrojado (Wolfgang Amadeus Phoenix), para nos provar que a música francesa tem ainda muitas cartas para dar! Para mim, um dos melhores álbuns de 2009! Fiquem com o single de estreia, "Lisztomania".